sexta-feira, 12 de dezembro de 2008


Quando pensamos em Estados Unidos, muitas vezes pensamos numa sociedade estável, com uma democracia forte e consolidada em volta de um consenso social. As diferenças políticas que ocorrem são questões pontuais a respeito de certas diferenças de método, mas nada “preocupante” ou que gere alguma instabilidade. Muitos pensam assim não é à toa, os governos americanos ao longo da história fizeram um imenso esforço para produzir essa imagem de uma sociedade consensual. Para isso a grande mídia e A sociedade de massa tiveram um papel fundamental.

É nesse ponto que entra o que muitos chamam da Indústria do Medo. A Indústria do medo está diretamente associada à Industria Cultural, principalmente a grande mídia. Nela os jornais costumam passar constantemente cenas de violência, ameaças externas à pátria, misturando isso com notícia sobre esportes e o tempo, para que tudo isso seja absorvido de forma mais natural. Reforçando esse constante estado de alerta, o governo americano cria os alertas com cores diferentes, sendo o vermelho o mais acentuado. Esse alerta fica na maior parte do tempo no laranja (penúltimo mais acentuado) ou um abaixo disso, indo ao vermelho em algumas ocasiões especiais, como foi o caso da reeleição do Bush em 2004. Como teoricamente não existe perigo interno na sociedade consensual que eles criam, o perigo externo é bastante ressaltado, o que serve para justificar as ações imperialistas norte-americanas ao redor do mundo. Vale à pena lembrar que a guerra do Iraque tinha mais de 50% de aprovação da sociedade americana e que o congresso votou em peso por ela, incluindo parlamentares democratas que logo depois “viraram à casaca” por estratégia política. É claro que o que tava por trás dessa guerra era os interesses econômicos dos EUA na região, não só o petróleo, como também as diversas empresas americanas que se instalaram lá a preço de banana, empresas essas que muitos congressistas republicanos e democratas são associados.

Os reality shows policiais são também uma bela amostra de como funciona a Indústria do Medo. Neles você vê bandidos homens, negros, em cenas de perseguição e depois sendo submetidos ao poderoso braço da lei. Isso gera um medo, da classe média branca e suburbana americana, do gueto negro lugar de prostituição e tráfico. Isso também é reforçado pelos filmes e é claro, pelos noticiários.

Mas então, não existe o dissenso nessa sociedade? E claro que ele existe. No início do século, o governo americano investiu razoavelmente na destruição e cooptação de sindicatos questionadores e na prisão, deportação e assassinato de líderes anarquistas e comunistas. Diversas leis já foram criadas pensando em combater esses grupos e atualmente nós temos o chamado patriot act, que serve para prender e vigiar líderes que atuam contra a guerra do Iraque.

E com Obama, o que muda? Nada! A diferença entre o governo de Obama e Bush será apenas a cor da pele do presidente. Ta bem, não serei tão simplista. Eu acredito que tenham mais diferença sim, como por exemplo, em relação a doutrina Bush de guerra preventiva. Porém os Estados Unidos continuarão financiando o holocausto palestino através do estado terrorista de Israel, como o próprio Obama já afirmou. Avançará com medidas de redução de direitos trabalhistas, ainda mais tendo em vista a crise econômica mundial. Enfim, no geral, não ocorrerá muita coisa de novo. O mesmo ocorre em relação a Indústria Cultural e a pela utilização da Indústria do Medo. A Indústria do Medo serve para justificar os excessos do governo perante a população. As prisões, os espancamentos de negros, a tortura, a guerra, etc. Obama é um representante desse sistema.

Mas nós vimos que na Indústria Cultural existe espaço para questionamento. Sim, isso é verdade, mas como eu disse no meu post anterior, isso está ligado diretamente ao mercado. Só tem espaço aquilo que pode gerar lucro. E é por isso que vemos o sucesso dos Simpsons que representam uma visão liberal (liberal no sentido americano, em oposição ao conservador), numa das emissoras mais conservadoras da grande mídia, a Fox. Ou então os filmes do Michael Moore, que são uma bela demonstração do espetáculo como contestação, mas dentro dos limites daquilo que pode gerar lucro para a Indústria Cultural.


2 comentários:

Mídia e Cultura de Massa disse...

O que foi "sensurado" no blog (risos) foi as palavras: reality show

Mídia e Cultura de Massa disse...

Ah! E quem fez essa postagem é o Renan Soares