quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Relativa democracia de industria cultural.

Durante nossas aulas de mídia e cultura de massa vimos a posição do Adorno a respeito da cultura de massa. Para esse autor consogrado, nada de bom existe na cultura de massa que veio degenerar a verdadeira cultura que através da reprodutibilidade técnica retirou a aura da obra de arte, isto é, o seu verdadeiro valor.
Vimos através da analise de outros autores que isso é bastante relativo, pois na industria cultural, promotora da cultura de massa, existe espaço para todos, incluível para aqueles que querem fazer a crítica a todo esse sistema. A industria cultural teria democratizado o acesso à cultura. Isso podemos observar, por exemplo, através dos blogs, e sites que fazem a denúncia desse sistema. A minha última postagem foi nesse sentido. Vimos nela a utilização dos métodos das industria cultural por uma ONG dos direitos humanos e pelo governo socialista de Cuba para fazer a denúncia do atual sistema.

Porém, nessa postagem gostaria de relativizar essa maior democracia que a industria cultural e a cultura de massa trouxeram para nossa sociedade. Existe o mito de que nas sociedade "livres" e "democráticas" ocidentais, todos podem se pronunciar livremente, a favor ou contra o sistema. Além disso foi criado, propositalmente, um consenso a respeito da vitória do capitalismo e que nada podemos fazer contra isso. É bom lembrar que esse pseudo consenso foi criado por uma das maiores representantes e defensoras do statos quo: a grande mídia. A grande mídia tem em toda a sua programação o objetivo de se manter o status quo. Desde o noticiário que apresenta a notícia de forma manipulada e maniqueísta, até no mais bobo dos programas de auditório.

Entrando no tema da grande mídia, alguns poderão argumentar que não é bem assim. Que nem tudo que existe lá tem o objetivo de manipular e alienar. Até pode ser, mas eu garanto que tudo que passa nela tem o objetivo de criar o consenso na sociedade que preserve o status quo. E para isso não precisa de uma "novela panfleto" como foi DUAS CARAS, que fazia uma ampla campanha contra o movimento estudantil que nesse mesmo ano havia realizado diversas ocupações de reitorias contra o projeto de reforma do governo. Qualquer novela, seja ela o mais "inocente" possível, tem elementos que preservam esse consenso no atual sistema. É o padrão de beleza do mocinho e da mocinha. É o carrão dos personagens. São as classes mais desfavorecidas que aparecem sempre como trabalhadoras e festeiras criando uma imagem do pobre é bonzinho e submisso.

Até mesmo se pensarmos em programas que são teoricamente diferentes como por exemplo "Hoje é dia de Maria", eles tem o espaço que merecem na grande mídia. Isto é, o espaço que o retorno lucrativo pode dar para empresa que o está transmitindo. Não é por acaso que passava tarde da noite. Tudo na sociedade capitalista é movimentada pelo lucro que tal "produto" pode dar ou não. Assim toda empresa agora é ambientalmente responsável. Isto não ocorre porque os grandes empresários do mundo tomaram consciência de que é preciso salvar o planeta, isso ocorre porque o marqueteiro da empresa analisou que é lucrativo a empresa fala sobre responsabilidade ambiental. Não é preciso ser necessariamente ambientalmente responsável, basta parecer que é, como é o caso da Aracruz Celulose.

Isso também fica claro no maio símbolo da democracia liberal do ocidente: as eleições. A pseudo democracia burguesa é feita para parecer que todos tem sua representatividade, basta ir no dia das eleições votar em seu candidato que assim vivemo numa democracia plena. Mas o que nenhuma grande mídia analisa é o fato de que para você ser eleito você precisa entrar no "jogo eleitoral", isto é, você precisa fazer as alianças que poderão levar para o poder e não necessariamente aquelas da sua ideologia original. Sem contar, é claro, dos custos de uma eleição. para um candidato ser eleito ele precisa fazer uma campanha multi-milionária, que só é possível em associação com mega empresários. Assim, só vence as eleições quem se submeter à esse jogo eleitoral. Quem tiver empresários financiando sua campanha e quem fizer as alianças políticas mais vantajosas. Quem não se submete a isto, seja por ideologia, ou por qualquer outra coisa não vence. Assim, teoricamente, qualquer um pode disputar as eleições, mesmo que seja o mais socialista, mas é claro que ele não vai vencer, anão ser que aceito jogar as regras do jogo, isto é, recuar em seu programa e se associar com os donos do poder. Vimos isso claramente com Lula e o PT que só chegaram no poder quando colocaram um empresário como vice-presidente e tiveram o financiamento de diversos mega-empresários. Assim o sistema se matem, pois qualquer um pode se candidatar, mas só vence aquele que se adequar à ele.

Isso é apenas um exemplo de como a industria cultural age. As campanhas eleitorais fazem, e muito, parte dessa imensa industria cultural. Nela, teoricamente, qualquer um pode ter seu espaço, fazer sua denúncia, mas de forma que nunca este irá incomodar verdadeiramente o status quo. Pois só tem espaço aquele que der retorno para a empresa. LUCRO.

Um comentário:

Mariana Baltar disse...

num tá assinado! quem é?