sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O Espetáculo do Simulacro



"Atividade Paranormal" é o novo filme sensação do momento. O filme, dirigido por Oren Peli (que antes do filme desenvolvia games para ganhar a vida) não conta muita coisa: acompanhamos o casal Katie e Micah a lidarem com estranhos fatos que ocorrem na casa de subúrbio que os dois passam a morar. Ao contrário de "District 9" (cujo maior ponto de destaque reside na boa mistura de gêneros cinematográficos), outro filme que gerou burburinho no ano de 2009, "Atividade Paranormal" retrabalha com bastante fidelidade uma "nova" matriz do gênero de horror, o horror-reality.

"Atividade Paranormal" segue a cartilha "A Bruxa de Blair", um outro famoso filme de horror que espetaculariza as sensações de angústia do espectador. Quando esse último surgiu, há 10 anos atrás, o gênero de horror se via desgastado enquanto matriz, pois os novos filmes que surgiam inserido dentro do código do horror usualmente trabalhavam no regime da alusão, como a série "Pânico". Dessa forma, "A Bruxa de Blair" foi saudado como um respiro de criatividade dentro do gênero. No entanto, o que há de mais interessante na ocasião do sucesso do filme citado é sua estratégia de lançamento. Ele contou com um grande boca-boca que se avolumou através da internet. Dessa forma, o espectador já esteve em contato (partilhando experiências e sensações) com o filme muito antes de ele estar estrando nas telas das salas de cinema.

Se "Atividade Paranormal" é uma pastiche dos filmes de casa mal assombrada, o que vemos agora é "Bruxa de Blair" também gerou uma nova forma (uma matriz, talvez?) de marketing de filmes. Concorda-se aqui com Adorno, que diz que a Indústria Cultural não inspira a ida às matrizes, conformando-se com novas leituras de um mesma forma de "fazer artístico". Dessa forma, "Atividade Paranormal" é louvado como uma novidade, como se fosse algo que não se acontece na produção contemporânea. A Indústria Cultural procura dar a falsa impressão da diferença, no qual a repetição das fórmulas acaba sendo um trunfo para o filme, gerando prazer no consumo seriado dessas fórmulas.

Além disso, "Atividade Paranormal" acredita na tese de que o indivíduo é parte produtora da cultura midiática. O grande potencial-viral do filme é fazer acreditar que o que acontece na narrativa poderia estar acontecendo com qualquer um. E é partir disso que ele se estrutura como um fruto da nossa percepção do real. Fato esse que é explorado na divulgação do filme, que usa imagens de pessoas "reais" se assustando ao assistirem a película. Ao se apoiar na divulgação boca-boca no ambiente da internet, ele se aproxima ainda mais desse cotidiano espetacularizado no qual a ambiente web é o grande tropos do espetáculo midiático. No filme, vemos o cotidiano de um casal sendo espetacularizado. Vemos o mundo desse casal mediado por imagens de câmeras (que no final das contas, reproduzem a lógica do nosso próprio mundo, que é invadido por câmeras e mediado por imagens o tempo todo). A imagem, conforme o filme entende muito bem, está no campo da incerteza, garantindo o aspecto especulativo dessa nova prática de leitura do horror contemporâneo. O espetáculo, portanto, se instala, já que aqui reina a lógica do que "parece" estar acontecendo.

Aluno: Giovani Barros

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