quarta-feira, 1 de julho de 2009

Quando a Morte te deixa famoso: "Suicide Club"


À primeira vista, Suicide Club parece ser um péssimo filme, sem pé nem cabeça, com um roteiro amador e sangrento. Na verdade, muitos acham realmente isso. Mas em contraposição, O filme foi grandemente aplaudido em mostras e festivais, considerado um verdadeiro exemplo do cinema japonês contemporâneo.

Independente de ser um filme magistral ou não, Suicide Club procura fazer uma crítica ferrenha à sociedade moderna japonesa. O filme é resultado, também, de pesquisas que apontaram o Japão, em 2002, como o país com o maior número de suicídios do mundo (24 para cada 100 mil habitantes).

Sion Sono (esse é o diretor) procura levar a questão da cultura pop ao máximo neste filme. Ele faz do suicídio um modismo, que se iniciará quando um grupo de 54 estudantes suicidam nos trilhos de um trem. A partir deste fato, diversas ondas de suicídio começam a surgir no país. Quando o detetive chega próximo de uma suposta origem para as mortes, nunca obtém êxito, pois as mortes não param.
A questão principal é: “se tudo está virando modismo nos dias de hoje, por que não o suicídio?”. A sequência do link abaixo é perfeita para reproduzir tal pensamento. Um grupo de estudantes começa a brincar falando em suicidar-se e, de repente, formam o “Clube do Suicídio”. Podemos comparar o modo como eles falam em morte como quando a Barbie diz: “Vamos passear no shopping?” = “Vamos nos matar? :3”. A cena, de uma forma meio sádica, é hilária.

Outra questão interessante é que no filme não há realmente uma origem para os suicídios. O espectador acaba com um grandíssimo ponto de interrogação na cabeça. E é essa a intenção! Este filme não quer se estabelecer como um gênero específico, ele é, ao mesmo tempo, terror, suspense, comédia, romance, etc. Da mesma forma, ele não quer repetir o que os filmes hollywoodianos fazem, que é criar uma linha de raciocínio a partir de um sistema já antigo e dominante: o roteiro hollywoodiano clássico, que procura dar começo, meio e fim aos filmes, de forma que o espectador fique sempre satisfeito ao sair da sala. De forma provocante, Suicide Club vai mudar de foco narrativo a todo o momento, assim como veremos que o filme não tem protagonista.

Na minha opinião, Suicide Club é um filme hilário, nojento e, acima de tudo, nos faz pensar sobre o quanto estamos inseridos numa cultura do espetáculo e refletir sobre o que ela nos faz fazer para alcançarmos uma publicização suficiente da nossa imagem. Veja só: esses estudantes suicidaram e ficaram super famosos! O que tem de mal nisso?

Link para a sequência do suicídio na escola: http://www.youtube.com/watch?v=WWOwp8sALeo&feature=PlayList&p=E74A81FE220B19F6&index=4

Tem também o filme inteiro no youtube. :)

postado por: Juliana C. Roldan

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